20 de junho de 2008

O que falta para o e-commerce decolar?


[16/6/2008 - 11:04] - Crescimento dos negócios on-line está longe de estagnar

Autor: Dominic de Souza

Na nova divulgação do ranking do e-readiness, que avalia a predisposição de setenta países a exercerem negócios pela Internet, o Brasil avançou uma posição e passou a ocupar o 42º lugar. Apesar desse crescimento, nota-se que o aumento da demanda de compras ainda não é o ideal quando comparado ao uso da Internet no país. Segundo o relatório TIC domicílios 2007, das pessoas que utilizam a web, 45% pesquisam preços e produtos na rede, e apenas 16% efetuam a compra. Esses dados demonstram, de certo modo, uma curiosidade que os internautas têm nesse novo mercado. No entanto, revelam também certa desconfiança por parte dos usuários ao investirem nesse veículo. Assim, surge uma questão: qual será o futuro desse modelo de negócios?

Considerada um dos principais obstáculos, a segurança atinge tanto os clientes quanto os vendedores. Na hora de anunciar produto ou serviço, as empresas têm receio das reais intenções dos potenciais clientes. De um lado estão os consumidores, que sempre estão desconfiados quanto à idoneidade dos sites, e do outro lado estão os portais, que têm os dados constantemente ameaçados por invasores cibernéticos. Estimo que, para quebrar essa barreira, será preciso criar novos certificados de segurança e leis que fiscalizem mais de perto o e-commerce, pois a falta de profissionalismo de alguns sites reflete negativamente em todos os outros, o que, por conseqüência, diminui a confiabilidade da mídia como um todo.

Outro aspecto importante é que a distância entre pesquisar preços e efetuar a compra ainda é muito grande. Ao se comparar os negócios on-line com outras formas de compra, como por exemplo as lojas de shopping, percebe-se uma segurança maior por parte dos consumidores em investir nesse segundo modelo. Uma das razões para esse fato é que boa parte dos usuários necessitam da atenção de um vendedor, para sentir o produto, realizar testes de qualidade e analisar diferentes modelos, oportunidade que a Internet não oferece.

Porém, a tendência é que essa situação mude com o tempo. Hoje, a maioria dos usuários pesquisa informações sobre os produtos na Internet para comprá-los nas ruas. No futuro, será o contrário: o usuário testará a mercadoria em uma loja, escolherá o produto certo, mas, no final, efetuará toda a negociação pela Internet, onde os custos com comissão nas vendas e os gastos com vendedores são menores. Logo, como a Internet apresentará um crescimento médio de aproximadamente 2,5% ao ano até 2012, segundo dados do instituto Kelsey Group, quem apostar nas vendas on-line colherá bons frutos, pois as expectativas são favoráveis tanto pelo baixo custo quanto pela flexibilidade desse mercado.

No momento nota-se uma infra-estrutura precária, tanto nos portais que oferecem serviços e produtos, quanto na própria Internet. Porém, os investimentos são maciços em ambas as partes. Além disso, a Internet aumenta a velocidade de conexão e de acessibilidade em grandes proporções. Dados do IAB (Interactive Advertising Bureau) estimam que, para 2008, a parcela de acessos por rede banda larga seja de 85%. Já com relação aos sites e portais, devido ao "refinamento" feito pelos próprios clientes, só sobreviverão os mais sérios e competentes. Igualmente às lojas de shoppings e ruas, a tendência é que valores sejam agregados, ou seja, haverá maior diversidade de mercadorias em um único lugar, e mais clientes serão conquistados.

Para o Brasil, diferente de alguns países europeus, o crescimento dos negócios on-line está longe de estagnar. As expectativas são que o aumento passe a ser exponencial nos próximos anos, já que a Internet no Brasil apresenta uma flexibilidade ímpar e os empresários e consumidores estão sempre abertos a novas idéias, fato que ajuda a solidificar a imagem de uma mídia segura e eficaz. Cabe à sociedade quebrar alguns "preconceitos" e apostar um pouco mais nessa mídia, pois assim como todo bom negócio, a Internet tem seus prós e contras, mas todos os indícios apontam que, em pouco tempo, os pontos positivos serão bem mais evidentes, e isso consolidará essa mídia como um ótimo mercado.

Dominic de Souza é Country Manager da DQ&A.

Revista Exame - Seção Trapézio 18/06/2008



9 de junho de 2008

Vender na Internet

Por Dominic de Souza
06.06.2008

Sempre acreditei que velocidade era o grande diferencial para se vender na internet. Lembro que por diversas vezes fiquei chateado com um site de um banco por estar demorando alguns segundos a mais para abrir uma página.

Esquecia sempre de levar em conta, no momento de nervosismo que, se tivesse que ir ao banco, aqueles segundos a mais seriam no mínimo 15 minutos. Sendo assim, velocidade era tudo para ter sucesso na internet.

Recentemente, tive uma experiência que me fez mudar de idéia e perceber que a velocidade é importante sim, porém, se o conteúdo é relevante, o tempo acaba tendo um peso menor na hora de explorar novos endereços. Quando navegava pela rede entrei em um desses sites onde é possível assistir vídeos e filmes e percebi que um dos meus critérios para selecionar o que iria ver era o tempo de duração, ou seja, os filmes de no máximo 3 minutos.

Deparei-me com um vídeo de 30 minutos no qual um garoto explicaria como imitar a voz do ator americano Christopher Walken. Claro, não entrei, afinal, em trinta minutos assisto dez outros filmes, mas fiquei com uma pulga atrás da orelha. Percebi que tinham outros internautas que faziam a voz do ator, porém não explicavam o como fazer. Fiquei curioso para saber como esse garoto iria me prender por tanto tempo, e decidi dar uma olhada espiada.

Conclusão, além de assistir o filme inteiro, entrei no site dele e acho que fiquei uma hora navegando no conteúdo. Moral da história, qual é o diferencial para se vender na internet? A resposta é fácil: simular ou demonstrar uma experiência que os usuários se identifiquem. Nós, seres humanos, precisamos viver em sociedade e é pré-requisito que você se identifique com um grupo.

Demonstre o seu produto em ação, mas em ação na mão de um usuário real. Faça com que o internauta, ao navegar, consiga se transportar e ser aquela pessoa. Hoje, os “realities shows” fazem sucesso porque seguem este princípio. Demonstram uma realidade com a qual posso me identificar, e que me faz acreditar que eu poderia substituir aquele personagem.

Não há necessidade de superproduções, troque isso por uma estrutura simples e que retrate as realidades de execução do seu publico alvo. Um bom exemplo disso são as inúmeras promoções que solicitam aos internautas que façam filmes com os produtos oferecidos pela marca. Um tremendo sucesso que, impressionantemente, tomam um tempo danado.

Dominic de Souza é Country Manager da DQ&A.